A morte, seja de um ente querido, de um pet ou a perda de uma rotina familiar após uma separação dos pais, é uma experiência inerente à vida. Contudo, vivenciar o luto na infância é um processo complexo e delicado.
Muitas vezes, os adultos, em seu próprio sofrimento, tentam proteger a criança da dor, usando frases como “ele viajou” ou “está dormindo”. No entanto, a ausência é sentida, e a criança precisa de clareza e de um espaço seguro para processar a perda e expressar sua dor.
O luto na infância se manifesta de formas que nem sempre são óbvias, como a tristeza do adulto. A criança pode demonstrar raiva, regressão de comportamento ou dificuldades escolares. É crucial que os pais compreendam essas manifestações e busquem o apoio da psicoterapia.
A terapia infantil não elimina a dor, mas oferece as ferramentas necessárias para que a criança elabore a perda de maneira saudável, prevenindo traumas e problemas emocionais futuros.
A Linguagem do Luto na Infância: Como a Criança Sente
Diferente do adulto, que geralmente expressa o luto com tristeza e verbaliza a falta, a criança lida com a perda de acordo com o seu estágio de desenvolvimento cognitivo e emocional. O luto na infância é frequentemente intermitente, vindo em “ondas”, onde a criança chora profundamente em um momento e, no seguinte, está brincando normalmente. Isso não significa que ela não está sofrendo, mas sim que ela está dosando a dor para ser suportável.
Manifestações Comportamentais do Luto
Regressão: A criança pode voltar a ter comportamentos de uma fase anterior, como pedir a mamadeira, querer dormir na cama dos pais, ou voltar a ter enurese noturna (fazer xixi na cama). Essa regressão é um mecanismo de busca por segurança e conforto.
Comportamentos Desafiadores: A raiva e a frustração pela perda ou pela mudança na rotina podem se manifestar como agressividade, birras intensas, ou dificuldade em seguir regras. A criança não sabe como nomear a raiva pela ausência e, por isso, a expressa através do comportamento.
Sintomas Físicos: Assim como na ansiedade, o luto na infância pode causar queixas somáticas, como dores de cabeça, dores de estômago ou recusa alimentar. O corpo sente a tensão emocional que a criança não consegue verbalizar.
Problemas Escolares: A tristeza e a falta de concentração podem levar a uma queda no rendimento escolar. A criança pode estar fisicamente na sala de aula, mas sua mente está ocupada processando a dor.
A Compreensão da Morte por Idade
Até 5 anos: A criança entende a morte como algo temporário e reversível, como um sono prolongado. Ela pode perguntar repetidamente quando a pessoa ou o pet vai voltar. A confusão sobre a irreversibilidade é grande.
Entre 5 e 9 anos: A criança começa a entender que a morte é definitiva, mas pode personificá-la (o “bicho papão da morte”) ou acreditar que a morte só acontece com pessoas mais velhas. Neste estágio, a culpa pode ser intensa (“Eu desejei que ele fosse embora, e ele se foi.”).
A partir dos 9 anos: A criança já compreende a morte como algo universal, irreversível e que pode afetar qualquer pessoa. A manifestação do luto na infância se torna mais próxima da do adulto, com tristeza, questionamentos existenciais e busca por significado.
O Papel Crucial dos Pais no Luto
A forma como os pais comunicam e lidam com a perda influencia profundamente o luto na infância. A honestidade, ajustada à idade da criança, é sempre o melhor caminho.
A Importância da Honestidade e da Linguagem Clara
Evitar a palavra “morreu” com eufemismos como “virou estrelinha” ou “viajou” pode criar confusão e medo. A criança pode desenvolver medo de dormir (achando que não vai acordar) ou medo de viajar (achando que não vai voltar). Portanto, use uma linguagem simples e direta: “O vovô morreu e o corpo dele parou de funcionar. Ele não vai mais sentir dor.”
Permissão para Sentir
Os pais devem validar a dor da criança. Dizer “está tudo bem chorar” ou “é natural sentir raiva” ensina a criança que seus sentimentos são válidos e que ela pode expressá-los sem medo de ser julgada. Por outro lado, tentar apressar o processo ou dizer “seja forte” pode levar a uma repressão do luto na infância.
Manutenção da Rotina
O luto traz o caos emocional, e a rotina traz a previsibilidade. É fundamental manter, o máximo possível, a rotina de alimentação, sono e escola da criança. A previsibilidade do ambiente doméstico oferece a segurança que ela precisa para processar a imprevisibilidade da perda.
Psicoterapia Infantil: Um Porto Seguro para a Dor
A psicoterapia infantil é fundamental para crianças que estão enfrentando um luto na infância complexo, prolongado, ou que manifestam sintomas intensos. O terapeuta oferece um espaço neutro e especializado para a elaboração da perda.
Como a Terapia Ajuda a Elaborar o Luto:
- Expressão Através do Lúdico: A terapia infantil utiliza o Brincar como principal linguagem. Através do desenho, da pintura, da massinha e da encenação com bonecos, a criança pode expressar a raiva da perda, a tristeza e a saudade de forma simbólica, sem a necessidade de palavras. O terapeuta observa o brincar e, gentilmente, ajuda a criança a nomear o que ela está sentindo.
- Ressignificação da Perda: O psicólogo auxilia a criança a entender a irreversibilidade da morte e a se liberar da culpa. Ele reforça que a separação dos pais (quando o luto é pelo divórcio) ou a morte não foram causadas por nada que a criança tenha feito.
- Criação de Memórias Afetivas: A terapia ajuda a criança a transformar a dor da perda em saudade e em memória afetiva. O psicólogo pode sugerir a criação de uma “Caixa de Memórias” com objetos e fotos da pessoa falecida, permitindo que a criança mantenha o vínculo emocional de forma saudável.
- Desenvolvimento de Habilidades de Enfrentamento: O terapeuta ensina a criança a lidar com as emoções intensas, a gerenciar a tristeza e a ansiedade que surgem com a saudade. Ele oferece ferramentas para que a criança se sinta mais forte para enfrentar a ausência.
O tratamento do luto na infância é um processo ativo de cura, guiado por um profissional que entende as complexidades do desenvolvimento infantil.
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